quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Oulu, caça, pesca e coelhos sem pernas

Na próxima semana não há aulas, intensive week, chamam-lhe. Vou a Oulu, norte da Finlândia a duas horas da Lapónia, a cidade da Laura.
Entre outras coisas, vou conheçer os meus "sogros". Sucede-se que no outro dia o pai da Laura liga-lhe e diz-lhe as seguintes coisas.

1- Diz ao Sicko (assim pronuncia o meu nome Chico) para trazer o casaco de caça que vamos caçar.
2- Pergunta-lhe se saber remar porque vamos à pesca.

Ora, como devem imaginar fiquei, digamos, um bocado acaçado, não me estou a imaginar perdido no meio da floresta à procura de coelhos com temperaturas negativas a partilhar intimidades com o meu "sogro".
O pior vem depois. Contei esta situação ao meu amigo Lassë que me diz o seguinte:

Ah pois... é a tradição, para um membro entrar na familia tem que caçar um coelho e cortar-lhe as pernas!!!

Não sei o que me espera... A Laura diz que o pai está só a brincar... Mas espero tudo deste país e desta gente!

Oulu next week...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O regresso! Porvoo, parte II.

Demorou mas voltei. Voltei ao blog e a praticar o português que cada vez mais se revela o meu terceiro idioma.
Estou neste momento no meu no novo apartamento que divido com um vietnamita, Duc, e um gambiano, Fofana. Respiro também os, ainda estranhos, cheiros a catinga e noodles que combinados formam uma interessante mescla.
Comecemos pelo princípio. Acabou-se o programa Erasmus e continuo na Finlândia. Para quem não sabe começo por explicar.
Meados de Abril, comecei a pensar que poderia ser bastante interessante voltar para a Finlândia terminar o curso. Várias foram as razões. A oportunidade de crescer num país tão excitantemente diferente do meu, a valorização do meu currículo, a mais-valia do ensino que está a léguas do português, e claro a Laura.
Finais de Abril, faço o necessário exame de admissão, 85/100, nota excelente em tudo menos a tão problemática matemática, 7/20. Tudo parecia correr lindamente, e as perspectivas de entrar eram óptimas.
Acaba-se o Erasmus, um ano incrível que se acaba e não mais se repete. Cada um em seu país e as saudades são enormes. Impossível esquecer as inúmeras histórias vividas.
A cerca de um mês, numa sexta-feira, da minha vinda para a Finlândia, já tinha voos comprados, recebo um mail de alguém dos serviços centrais em Helsinki dizendo que precisava de entregar um documento comprovativo do final do ensino secundário até segunda-feira às 15 da tarde, data limite. Ok. Tranquilo, scanner e mail. Documento entregue. Segunda-feira às 10 da manhã, recebo outro mail da mesma pessoa dizendo que não se aceita documentos por mail, “tens que vir entregar o documento em mão”. Porreiro! Estou fora da Universidade, nada a fazer dizem-me do outro lado.
Paranóia completa, voos comprados, perspectivas em ir, completa desilusão e confusão. E agora?
Na Finlândia, as regras, são regras! O “factor C” raramente existe. Entro em contacto com uma professora que é responsável pelas relações internacionais da universidade. Ao fim de uma semana põem-me lá dentro. O que parecia impossível tornou-se resolúvel.
Depois de uma semana em Valência onde tivemos um meeting erasmus, com uma parte dos amigos do grande ano erasmus, seguimos para Tampere, Helsinki e o tão querido Porvoo.
É-me completamente impossível descrever por palavras o que senti quando cheguei a Porvoo. Nada parecia fazer sentido, o que estava eu aqui a fazer, uma solidão assustadora, afinal as boas memórias dos sítios são as pessoas, não os sítios em si. Ninguém estava ali. A verborreia do Chris, a organização do Michael, a euforia do Nico, a histeria da Sandra, as gaffes da Nines, as perguntas estúpidas da Neva, e o grande camarada Paco. Já quase nenhumas das minhas razões para vir faziam sentido a não ser a Laura. Foi sem dúvida a única razão pela qual me aguentei até agora aqui.
Como de certa forma o primeiro mês seria uma experiência de forma a ver se tudo corria bem, fiquei em casa da Laura. Apesar de gostar muito do grupinho já estava bastante cansado de ficar no meu canto a ouvir finlandês e a não perceber nada do que se passa além disso, a confusão reina naquela casa, é o caos completo.
Agora estou no meu espaço com o cheiro a noodles e a catinga.
Entretanto as coisas melhoraram bastante quando conheci os novos erasmus. Sobretudo os espanhóis, claro está. Os GRANDES David, Helena, Nieves e Mireia. Foram fundamentais na minha final decisão de ficar aqui, sem eles possivelmente não estaria aqui! Gracias hermanos!
Neste momento as coisas seguem o seu rumo tranquilo, com rotinas de aulas, trabalhos, festa, preguiça, viagens de bicicleta, muita roupa no corpo, trocas interculturais, e afins.

Minä rakastan Suomi