terça-feira, 18 de novembro de 2008

Um almoço na cantina

Hoje almoçei com os espanhois na cantina, digamos que é um espaço relativamente pequeno, mas ainda assim permite que esteja bastante gente a almoçar ao mesmo tempo.
Estavamos os três em grandes conversas, altas gargalhadas, tom bastante elevado de voz. Enfim, um almoço normal entre pessoas do sul da Europa.
De repente paramos. Apercebêmo-nos que eramos os únicos que estavamos a falar, a rir, a discutir e falar de coisas banais mas com paixão!
Um silêncio absoluto nas outras mesas, três, quatro, cinco pessoas sentadas à mesa simplestemente a olhar para o prato e a comer.
Não é que isto tenha sido um choque para mim, já estou aqui há tempo suficiente para saber que os finlandeses falam pouco, são pouco expansivos.
Simplesmente bateu-me mais forte o sentimento de «orgulho» de ser do sul da Europa.
Não sou patriota, tão pouco sou orgulhoso do que somos enquanto portugueses, isso é para mim um conceito demasiado abstracto (com «c» ou sem? Perdi o fio à meada na questão da revisão linguística), mas sinto-me cada vez mais contente de pertençer à «raça» do sul da europa, como tanto nos (Paco e yo) chamos a nós próprios desde que aqui chegamos.
«Soy muy orgulloso de ser do sur da Europa». Foi uma das frases do Paco que mais retive na cabeça, durante bastante tempo pensei nisso. Disse-a pouco tempo depois de cá ter chegado.
Confesso que me parecu muito pretencioso e realmente achei isso uma treta, talvez por me sentir pouco orgulhoso no que temos (bem, sou português, é esse o nosso fado, ser deprimido e mal dizente). Mas cada vez mais me sinto bem em pertencer a esta estranha «raça» do fundo da europa.
Talvez para quem nunca tenha estado num país do Norte isto pareça pateta e demagógico. Mas é o que realmente sinto quanto mais tempo passo aqui.

Não que sejamos melhores, que tenhamos uma vida melhor, mas temos ganas de a viver, temos colhões para partir a loiça, temos tesão para partir para o inesperado, temos o sangue a palpitar nas veias, temos paixão no que dizemos e temos tomates para mandar tudo pro caralho e fazêr o que nos dá na gana!

Não vale a pena discutir onde se vive melhor, onde se está melhor. Somos só diferentes.

Mas eu sou orgulhoso de ser do sul da europa!

P.S.- Continuo a gostar dos bons camaradas finlandeses que conheço!
P.S.2- Mãe, qual era a expressão francesa que a holandesa usava para nos descrever? Pronto é isso que nós temos!

2 Comentários:

Às 18 de novembro de 2008 às 22:22 , Anonymous Anônimo disse...

segundo a holandesa nós temos "joie de vivre"
Mãe

 
Às 19 de novembro de 2008 às 17:02 , Blogger Chico disse...

Exacto! É isso mesmo!

 

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